quinta-feira, 28 de maio de 2015

Rede e Hacktivismo

rede 

re.de 
(ê) sf (lat rete) 1 Aparelho de pesca feito com fio que forma malhas, mais ou menos largas, que deixam passar a água e retêm os peixes. 2 Tecido de malhas usado para apanhar aves e ainda aplicado em armadilhas para apanhar outros animais silvestres. 3 Tecido de fios metálicos pregado sobre caixilhos de portas ou janelas, a fim de evitar a entrada de insetos nas habitações. 4 Tecido fino de malha, com que as mulheres envolvem o cabelo. 5 Tecido de arame, para resguardar as vidraças. 6 Qualquer trançado de fios de qualquer material. 7 Leito balouçante, feito de malha ou de pano grosso, que se suspende pelas duas extremidades, em geral nos portais ou em árvores. 8 ant Entrelaçamento de fibras, de nervos, de vasos sanguíneos. 9 Conjunto de estradas, de caminhos de ferro, de canais. 10 Sistema de canos de água, esgoto ou gás de uma cidade. 11Conjunto de cabos telefônicos ou elétricos de uma cidade. 12 Cilada, armadilha. R. admirável: plexo vascular, no trajeto de certas artérias. R. cliente-servidor, Inform: método de organização de uma rede no qual um computador central dedicado (servidor) é responsável por certas tarefas, enquanto os clientes (terminais ou estações conectadas ao servidor) executam aplicações padrões.


No texto de Pierre Musso, seu principal objetivo é demostrar as diferentes significações e reapropriações, por diferentes setores, do termo “rede” e como essa polissemia da noção de rede esvazia sua real compreensão.

Michael Chavelier sistematiza a concepção de rede e explica que essas redes tiveram uma grande importância política, pois elas contribuíram para a associação universal e produz por si própria uma mudança social, ou utopia social, – a globalização. “A rede técnica permite a comunicação, a comunhão e a democratização pela circulação igualitária dos homens. A redução geográfica das distâncias físicas, ou mesmo a intercambialidade dos lugares, graças às vias de comunicação, significa redução das distâncias sociais, isto é, democracia.

Hoje, com a World Wide Web, essa ideia de democracia da informação ganha maior força, porém deve-se destacar a crescente vigilância tecnológica e uso da rede em ampla escala por governantes e corporações. Para Focault a rede designa o espaço do território sobre o qual se conectam dispositivos de fortificação ou de circulação. Controlar ou fazer circular, essa é a ambivalência original de rede. A web, assim então, ganha duas faces: a de poder periférico e descentralizado que ela permite, e a oportunidade que ela oferece ao poder central de controlar o planeta, e é a partir daí que nasce a ideologia do hacktivismo, para quebrar com esse controle e centralização da informação.

Uma das crenças dos hackers incluem que o acesso a informação é um direito fundamental. As atividades dos hacktivistas geram muitas controvérsias e quase sempre são consideradas como crimes cibernéticos, levando certas pessoas à chamá-los de cibercriminosos. Atos como roubo e exposição de informações pessoais de indivíduos ou empresas, com certeza, são atos passíveis de discussão; contudo, há atos que são, indubitavelmente, inofensivos, do ponto de vista que não causam danos permanentes nem expõem informações confidenciais.

A mecânica central do jogo "Watch Dogs", lançado em 2014 e desenvolvido pela Ubisoft, é o hacking. Aiden Pearce, o protagonista do jogo, tem um smartphone com várias aplicações capazes de se infiltrar na maior parte da infraestrutura de Chicago. Devido ao fato de que a interpretação da cidade é governada inteiramente pelo Sistema Operacional Central (ctOS), Aiden tem o poder de aceder remotamente e assim interagir com o ambiente - como semáforos, canos de vapor, bloqueios de estrada, pontes, caixas de fusíveis, e até com as luzes da cidade, etc. Aiden pode usar isto para sua vantagem em situações de combate para eliminar oponentes, criar diversões ou coberturas, esconder-se e também como forma de infiltração furtiva. Através de outro aplicativo, Pearce consegue ter acesso à informação dos cidadãos da cidade. Como o smartphone está ligado à base de dados da população do ctOS, ele pode descobrir por exemplo à idade, ocupação, bem como outras características pessoais. Pearce também consegue ler mensagens de texto e ouvir conversas entre as pessoas. Adicionalmente, o aparelho está constantemente ligado ao sistema de prevenção de crimes do ctOS. Esta ferramenta notifica o jogador de quando poderá ocorrer um crime na zona onde está, dando-lhe a chance de intervir e evitar o crime. Tal contribui para a persona justiceira do personagem.






Trailers de Watch Dogs




quinta-feira, 21 de maio de 2015

Cibercultura

André Lemos inicia seu texto justificando a popularização do espaço cibernético. Este não poderia ser apenas uma forma de expressão das evoluções técnico-cientificas que vêm ocorrendo nos últimos anos, mas resultado de uma série de fatores que culminaram em sua indispensabilidade. A queda das grandes ideologias, ou que poderia se chamar de crise das instituições viria a extrapolar as ideologias e os discursos pouco abrangentes, o mal único, o bem único, os grandes sábios, entre outros, viriam a quebrar nesse mundo onde os discursos individuais são mais acessíveis. As fontes de conhecimento não são indispensavelmente os livros, bem como os discursos deixaram de ser procurados em grandes líderes para passar às bocas do cidadão comum.

Quando falamos do espaço cibernético, provavelmente é o Youtube o primeiro mecanismo lembrado, ele resgata a descrença dos meios formais de acesso à cultura –e por cultura compreende-se não apenas a cultura erudita e classicista, mas a expressão cultural de todo e qualquer grupo – como livros e revistas, para dar lugar ao homem comum falando ao homem comum, são tutoriais animados, receitas de culinária, feitos por gente do seu grupo de interesses.



KSI é o canal de um jovem inglês que comenta jogos enquanto joga, ele faz uso da comédia e tem mais de 9 milhões de assinantes no canal dele. Porta dos Fundos tem um pouco mais de 10 milhões.
ICKFD - i could kill for dessert - canal de receitas de doces práticos.
Tutorial de Tênis básico.


Neste mundo, um interesse é certamente compatível com mais uma porção de gente, permitindo discussões e a criação de amizades. Os fóruns direcionados, canais de youtube e podcasts permitem um alcance maior nas relações humanas. Há quem diga que este ciberespaço limita as relações físicas, talvez o faça em um primeiro momento onde as pessoas ainda não se relacionaram o suficiente.

Aquele grupo de pessoas só compartilha um interesse comum, ele pode ser suficiente, no caso de grupos de esporte, a exemplo o grupo Gangue do Patins, um grupo que se reúne aos domingos e feriados na praia de Copabana na altura do Lido, ao buscar no youtube as palavras patins e Copacabana, logo um vídeo vai aparecer do grupo praticando no seu local de encontro, vários vídeos aparecerão, você reconhece o local e quer saber mais sobre como andar de patins, é só aparecer, mandar uma mensagem.

Shows e convenções muitas vezes só são possíveis pela expressividade no ciberespaço (movimento queremos e convenções de HQ).


terça-feira, 28 de abril de 2015

As Telas Largas do Largo

Pego o controle mudo de canal, Babilônia, Csi, Tá no Ar... CANSEI! FUNÇÃO - Smart – Youtube – Pesquisar -  L-a-r-g-o-d-a-C-a-r-i-o-c-a – Enter.




Ao digitar largo da carioca as telas de baixa resolução me territorializam na Web. E com um simples clique me deparo com a identidade de um espaço geográfico: o largo da carioca.
Com uma simples pesquisa somos transportados para a representação da realidade do local através das telas de um simples dispositivo tecnológico que carregamos no bolso. O que levanta a questão sobre como a evolução da técnica contribui na interação, transformação e registro do espaço.
André Lemos em seu texto cultura da mobilidade diz que a mobilidade ampliada potencializa/afeta tanto a dimensão física quanto a informacional, assim como Milton Santos, no primeiro capítulo de seu livro a natureza do espaço, cita Fel ao expor: “Toda paisagem habitada pelos homens traz a marca de suas técnicas”.
No caso do Largo da Carioca sua característica de servir como palco para músicos e artistas de rua é evidenciada em grande parte dos registros mais acessados.
Desde a Magali dançarina que até então tem cerca de 1,5 milhões de acessos:


Até os meninos da banda Dominga Petrona que marcam presença no local quase semanalmente:


Também encontramos um documentário dos anos 80 sobre a emergência do movimento “Hip Hop” no local, o que não observamos atualmente. Esse vídeo é a prova do registro histórico de movimentos que ajudaram a moldar a característica do espaço no decorrer do tempo.




Assim através da técnica junto a tecnologia o homem cria, transforma e produz o espaço. 
Para finalizar o vídeo do topo da pesquisa desse território físico no mundo virtual:

A música do Cantor Zeca Pagodinho composta anos antes da criação do youtube que narra tudo o que os vídeos afirmam.

"Quem passa pela Carioca 
E não conhece aquele alvoroço 
Parece um angú de caroço 
No Largo vai se amarrar 
É gato vendido por lebre 
Tem tanta gente lá 
Querendo se arrumar 
De tudo acontece naquele lugar[...]"

quinta-feira, 23 de abril de 2015

"Tá no Ar: A Tv na Tv": Uma crítica ao transporte de imagens pós-industrial.

Por Fernanda Lopes 


Em seu texto Imagens nos Novos Meios, Vilém Flusser analisa o transporte das imagens (mensagens) até seu receptor. As imagens, como superfícies, podem ser transportadas dependendo dos corpos onde estão inseridas. Por exemplo: uma imagem em uma caverna não é transportável, fazendo com que seus receptores tenham que ir até ela. Já uma tela é facilmente transportável, podendo viajar o mundo.
O autor, então, dá três situações para comparar o modo de transporte e a intenção: A imagem de um touro numa caverna; um quadro exposto diante do ateliê de um pintor; e a imagem que se encontra na tela de uma televisão.

Sobre a terceira situação dada, é dito que quem assiste as imagens da televisão (no caso, um funcionário pós-industrial e sua família) "é programado pelas imagens para funcionar como produtor e consumidor de coisas e de opiniões de determinado tipo. E com isso as imagens são programadas de forma a reduzir ao mínimo toda crítica por parte do receptor. [...] Não é factível para o receptor interromper a transmissão simplesmente desligando o aparelho e passar, assim, da condição de objeto à condição de sujeito. Para isso ele teria que desistir de sua função e segregar-se socialmente."
Ou seja, é defendido que, nesse caso, o sentido da imagem é programar certo comportamento a quem assiste.

Inserindo as informações do texto de Flusser aos dias de hoje, conclui-se que o que é transmitido na televisão, um meio de comunicação em massa, possui grande influência no comportamento da sociedade como um todo. Em cada programa há uma mensagem a ser passada, de acordo com interesses internos ou externos.

Visto isso, é possível relacionar o que foi dito acima com o programa Tá no Ar: A Tv na Tv, da Rede Globo, uma das maiores emissoras televisivas do Brasil.
O programa, criado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem e dirigido por Maurício Farias, representa todo o universo da televisão brasileira, incluindo os críticos.





Sátira sobre os "militantes" que criticam a Rede Globo




Sátira excêntrica sobre as novelas


Sendo assim, o Tá no Ar admite e critica o próprio meio de forma bem humorada, ás vezes diretamente e ás vezes indiretamente, com exageros e personagens caricatos. Demonstra, utilizando desses recursos, o que de fato acontece na televisão, entre outras situações, em relação a imagem (mensagem) e receptores. Reforça, então, o que Vilém Flusser argumentou no texto, representando muitas vezes como os receptores recebem a mensagem e como agem de acordo com elas, claro que de forma mais específica ao contexto em que o programa e os telespectadores brasileiros estão inseridos.

terça-feira, 14 de abril de 2015

"CSI: Cyber" e o ciberespaço ao vivo e a cores

Por Ranayra Camara

  
 No texto de Milton Santos, A natureza do espaço, as técnicas são diretamente afetadas e aperfeiçoadas pelo meio e pelos homens no decorrer dos anos. As mudanças sociais, culturais, econômicas políticas e geográficas influem em sua transformação e no seu desenvolvimento heterogêneo. Desde os primórdios, os homens utilizavam técnicas de sobrevivência e comunicação, como pinturas nas cavernas, caça e pesca. A relação dos homens com as técnicas e objetos é um processo de adaptação-concretização, em que estes são inseridos no meio que os acolheu.

 Dando um pulo na história, vemos que as técnicas estão cada vez mais ligadas às tecnologias. O ciberespaço não está tão distante e virtual como deveria, está presente e tem influência direta em nossas vidas.


 Falando dessa relação de técnicas com tecnologias super avançadas e também de outra relação abordada por Massimo Di Felice, o de mídia-sujeito-território, entra em cena o novo e moderno seriado televisivo CSI Cyber.


  A franquia CSI existe há bastante tempo, porém seu terceiro spin-off chega para ser ainda mais revolucionário e totalmente focado em meios tecnológicos. Um episódio piloto da série, Kitty, foi ao ar na 14ª temporada da série mãe, CSI. A própria série teve sua estreia em março de 2015 com o episódio Kidnapping 2.0, que será o objeto de análise deste post.

  A atriz Patricia Arquette foi a escolhida para ser a líder da vez, Avery Ryan, uma psicóloga comportamental. Deixando para trás a história do papel do líder da equipe ser interpretado por homens, como Horatio e Mac, em outros CSIs. 

  
 A série se baseia na busca de criminosos anônimos no mundo da “Deep Web”. Em que tudo é produto e envolve dinheiro. E as mídias e tecnologias são os meios para esses crimes ocorrerem e também para a investigação dessa jurisdição específica do FBI, de crimes cibernéticos.




  
 No episódio Kidnapping 2.0 fica nítida essa relação entre mídia-sujeito-ambiente, que Massimo Di Felice trata. Pois existe um ou mais sujeitos envolvidos por trás de algum objeto midiático, na vigília, para satisfazer seus prazeres sórdidos e criminosos no ambiente real, fora do mundo virtual.

 O objeto eletrônico utilizado para o crime no episódio é uma babá eletrônica. Uma quadrilha possui todo um esquema para sequestrar bebês e depois leiloá-los na “Deep Web”. Uma parte do grupo são hackers que entram nos computadores dos pais das pequenas vítimas e rastreiam mensagens relacionadas à criança. E também hackeiam a babá eletrônica para observar toda a rotina da família e do bebê. E outra parte do grupo era responsável pelo sequestro, sempre mais que uma pessoa. Sendo que o leilão acontecia nesse exato momento, o sequestrador mostra a criança e começa uma transmissão broadcast através da câmera da babá eletrônica. Nisso, hologramas de pessoas de países diferentes disputam a “mercadoria”. 

  O seriado se apresenta como algo bastante interessante e inovador, que mostra a manipulação de objetos eletrônicos para se cometer um crime. E é totalmente atual, relatando exatamente essa ligação quase Superbonder do homem com a internet e com a tecnologia. A série traz também uma nova roupagem em seu “QG”, dominado por tecnologias de ponta, em que até os corpos das vítimas são mostrados como hologramas.


  
 É uma série que vale a pena ficar de olho, afinal de contas, vivemos cercados por tecnologias e também por pessoas não tão show de bola assim. E essas pessoas que infelizmente não são nossos/as migos/migas, descobriram um novo jeito de atacar. Encobertos pelo anonimato cibernético, sentem-se ainda mais poderosos e com chances maiores de saírem impunes.