quinta-feira, 23 de abril de 2015

"Tá no Ar: A Tv na Tv": Uma crítica ao transporte de imagens pós-industrial.

Por Fernanda Lopes 


Em seu texto Imagens nos Novos Meios, Vilém Flusser analisa o transporte das imagens (mensagens) até seu receptor. As imagens, como superfícies, podem ser transportadas dependendo dos corpos onde estão inseridas. Por exemplo: uma imagem em uma caverna não é transportável, fazendo com que seus receptores tenham que ir até ela. Já uma tela é facilmente transportável, podendo viajar o mundo.
O autor, então, dá três situações para comparar o modo de transporte e a intenção: A imagem de um touro numa caverna; um quadro exposto diante do ateliê de um pintor; e a imagem que se encontra na tela de uma televisão.

Sobre a terceira situação dada, é dito que quem assiste as imagens da televisão (no caso, um funcionário pós-industrial e sua família) "é programado pelas imagens para funcionar como produtor e consumidor de coisas e de opiniões de determinado tipo. E com isso as imagens são programadas de forma a reduzir ao mínimo toda crítica por parte do receptor. [...] Não é factível para o receptor interromper a transmissão simplesmente desligando o aparelho e passar, assim, da condição de objeto à condição de sujeito. Para isso ele teria que desistir de sua função e segregar-se socialmente."
Ou seja, é defendido que, nesse caso, o sentido da imagem é programar certo comportamento a quem assiste.

Inserindo as informações do texto de Flusser aos dias de hoje, conclui-se que o que é transmitido na televisão, um meio de comunicação em massa, possui grande influência no comportamento da sociedade como um todo. Em cada programa há uma mensagem a ser passada, de acordo com interesses internos ou externos.

Visto isso, é possível relacionar o que foi dito acima com o programa Tá no Ar: A Tv na Tv, da Rede Globo, uma das maiores emissoras televisivas do Brasil.
O programa, criado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem e dirigido por Maurício Farias, representa todo o universo da televisão brasileira, incluindo os críticos.





Sátira sobre os "militantes" que criticam a Rede Globo




Sátira excêntrica sobre as novelas


Sendo assim, o Tá no Ar admite e critica o próprio meio de forma bem humorada, ás vezes diretamente e ás vezes indiretamente, com exageros e personagens caricatos. Demonstra, utilizando desses recursos, o que de fato acontece na televisão, entre outras situações, em relação a imagem (mensagem) e receptores. Reforça, então, o que Vilém Flusser argumentou no texto, representando muitas vezes como os receptores recebem a mensagem e como agem de acordo com elas, claro que de forma mais específica ao contexto em que o programa e os telespectadores brasileiros estão inseridos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário