terça-feira, 28 de abril de 2015

As Telas Largas do Largo

Pego o controle mudo de canal, Babilônia, Csi, Tá no Ar... CANSEI! FUNÇÃO - Smart – Youtube – Pesquisar -  L-a-r-g-o-d-a-C-a-r-i-o-c-a – Enter.




Ao digitar largo da carioca as telas de baixa resolução me territorializam na Web. E com um simples clique me deparo com a identidade de um espaço geográfico: o largo da carioca.
Com uma simples pesquisa somos transportados para a representação da realidade do local através das telas de um simples dispositivo tecnológico que carregamos no bolso. O que levanta a questão sobre como a evolução da técnica contribui na interação, transformação e registro do espaço.
André Lemos em seu texto cultura da mobilidade diz que a mobilidade ampliada potencializa/afeta tanto a dimensão física quanto a informacional, assim como Milton Santos, no primeiro capítulo de seu livro a natureza do espaço, cita Fel ao expor: “Toda paisagem habitada pelos homens traz a marca de suas técnicas”.
No caso do Largo da Carioca sua característica de servir como palco para músicos e artistas de rua é evidenciada em grande parte dos registros mais acessados.
Desde a Magali dançarina que até então tem cerca de 1,5 milhões de acessos:


Até os meninos da banda Dominga Petrona que marcam presença no local quase semanalmente:


Também encontramos um documentário dos anos 80 sobre a emergência do movimento “Hip Hop” no local, o que não observamos atualmente. Esse vídeo é a prova do registro histórico de movimentos que ajudaram a moldar a característica do espaço no decorrer do tempo.




Assim através da técnica junto a tecnologia o homem cria, transforma e produz o espaço. 
Para finalizar o vídeo do topo da pesquisa desse território físico no mundo virtual:

A música do Cantor Zeca Pagodinho composta anos antes da criação do youtube que narra tudo o que os vídeos afirmam.

"Quem passa pela Carioca 
E não conhece aquele alvoroço 
Parece um angú de caroço 
No Largo vai se amarrar 
É gato vendido por lebre 
Tem tanta gente lá 
Querendo se arrumar 
De tudo acontece naquele lugar[...]"

quinta-feira, 23 de abril de 2015

"Tá no Ar: A Tv na Tv": Uma crítica ao transporte de imagens pós-industrial.

Por Fernanda Lopes 


Em seu texto Imagens nos Novos Meios, Vilém Flusser analisa o transporte das imagens (mensagens) até seu receptor. As imagens, como superfícies, podem ser transportadas dependendo dos corpos onde estão inseridas. Por exemplo: uma imagem em uma caverna não é transportável, fazendo com que seus receptores tenham que ir até ela. Já uma tela é facilmente transportável, podendo viajar o mundo.
O autor, então, dá três situações para comparar o modo de transporte e a intenção: A imagem de um touro numa caverna; um quadro exposto diante do ateliê de um pintor; e a imagem que se encontra na tela de uma televisão.

Sobre a terceira situação dada, é dito que quem assiste as imagens da televisão (no caso, um funcionário pós-industrial e sua família) "é programado pelas imagens para funcionar como produtor e consumidor de coisas e de opiniões de determinado tipo. E com isso as imagens são programadas de forma a reduzir ao mínimo toda crítica por parte do receptor. [...] Não é factível para o receptor interromper a transmissão simplesmente desligando o aparelho e passar, assim, da condição de objeto à condição de sujeito. Para isso ele teria que desistir de sua função e segregar-se socialmente."
Ou seja, é defendido que, nesse caso, o sentido da imagem é programar certo comportamento a quem assiste.

Inserindo as informações do texto de Flusser aos dias de hoje, conclui-se que o que é transmitido na televisão, um meio de comunicação em massa, possui grande influência no comportamento da sociedade como um todo. Em cada programa há uma mensagem a ser passada, de acordo com interesses internos ou externos.

Visto isso, é possível relacionar o que foi dito acima com o programa Tá no Ar: A Tv na Tv, da Rede Globo, uma das maiores emissoras televisivas do Brasil.
O programa, criado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem e dirigido por Maurício Farias, representa todo o universo da televisão brasileira, incluindo os críticos.





Sátira sobre os "militantes" que criticam a Rede Globo




Sátira excêntrica sobre as novelas


Sendo assim, o Tá no Ar admite e critica o próprio meio de forma bem humorada, ás vezes diretamente e ás vezes indiretamente, com exageros e personagens caricatos. Demonstra, utilizando desses recursos, o que de fato acontece na televisão, entre outras situações, em relação a imagem (mensagem) e receptores. Reforça, então, o que Vilém Flusser argumentou no texto, representando muitas vezes como os receptores recebem a mensagem e como agem de acordo com elas, claro que de forma mais específica ao contexto em que o programa e os telespectadores brasileiros estão inseridos.

terça-feira, 14 de abril de 2015

"CSI: Cyber" e o ciberespaço ao vivo e a cores

Por Ranayra Camara

  
 No texto de Milton Santos, A natureza do espaço, as técnicas são diretamente afetadas e aperfeiçoadas pelo meio e pelos homens no decorrer dos anos. As mudanças sociais, culturais, econômicas políticas e geográficas influem em sua transformação e no seu desenvolvimento heterogêneo. Desde os primórdios, os homens utilizavam técnicas de sobrevivência e comunicação, como pinturas nas cavernas, caça e pesca. A relação dos homens com as técnicas e objetos é um processo de adaptação-concretização, em que estes são inseridos no meio que os acolheu.

 Dando um pulo na história, vemos que as técnicas estão cada vez mais ligadas às tecnologias. O ciberespaço não está tão distante e virtual como deveria, está presente e tem influência direta em nossas vidas.


 Falando dessa relação de técnicas com tecnologias super avançadas e também de outra relação abordada por Massimo Di Felice, o de mídia-sujeito-território, entra em cena o novo e moderno seriado televisivo CSI Cyber.


  A franquia CSI existe há bastante tempo, porém seu terceiro spin-off chega para ser ainda mais revolucionário e totalmente focado em meios tecnológicos. Um episódio piloto da série, Kitty, foi ao ar na 14ª temporada da série mãe, CSI. A própria série teve sua estreia em março de 2015 com o episódio Kidnapping 2.0, que será o objeto de análise deste post.

  A atriz Patricia Arquette foi a escolhida para ser a líder da vez, Avery Ryan, uma psicóloga comportamental. Deixando para trás a história do papel do líder da equipe ser interpretado por homens, como Horatio e Mac, em outros CSIs. 

  
 A série se baseia na busca de criminosos anônimos no mundo da “Deep Web”. Em que tudo é produto e envolve dinheiro. E as mídias e tecnologias são os meios para esses crimes ocorrerem e também para a investigação dessa jurisdição específica do FBI, de crimes cibernéticos.




  
 No episódio Kidnapping 2.0 fica nítida essa relação entre mídia-sujeito-ambiente, que Massimo Di Felice trata. Pois existe um ou mais sujeitos envolvidos por trás de algum objeto midiático, na vigília, para satisfazer seus prazeres sórdidos e criminosos no ambiente real, fora do mundo virtual.

 O objeto eletrônico utilizado para o crime no episódio é uma babá eletrônica. Uma quadrilha possui todo um esquema para sequestrar bebês e depois leiloá-los na “Deep Web”. Uma parte do grupo são hackers que entram nos computadores dos pais das pequenas vítimas e rastreiam mensagens relacionadas à criança. E também hackeiam a babá eletrônica para observar toda a rotina da família e do bebê. E outra parte do grupo era responsável pelo sequestro, sempre mais que uma pessoa. Sendo que o leilão acontecia nesse exato momento, o sequestrador mostra a criança e começa uma transmissão broadcast através da câmera da babá eletrônica. Nisso, hologramas de pessoas de países diferentes disputam a “mercadoria”. 

  O seriado se apresenta como algo bastante interessante e inovador, que mostra a manipulação de objetos eletrônicos para se cometer um crime. E é totalmente atual, relatando exatamente essa ligação quase Superbonder do homem com a internet e com a tecnologia. A série traz também uma nova roupagem em seu “QG”, dominado por tecnologias de ponta, em que até os corpos das vítimas são mostrados como hologramas.


  
 É uma série que vale a pena ficar de olho, afinal de contas, vivemos cercados por tecnologias e também por pessoas não tão show de bola assim. E essas pessoas que infelizmente não são nossos/as migos/migas, descobriram um novo jeito de atacar. Encobertos pelo anonimato cibernético, sentem-se ainda mais poderosos e com chances maiores de saírem impunes.