"CSI: Cyber" e o ciberespaço ao vivo e a cores
Por Ranayra Camara
No texto de Milton Santos, A natureza do espaço, as técnicas são
diretamente afetadas e aperfeiçoadas pelo meio e pelos homens no decorrer dos
anos. As mudanças sociais, culturais, econômicas políticas e geográficas
influem em sua transformação e no seu desenvolvimento heterogêneo. Desde os
primórdios, os homens utilizavam técnicas de sobrevivência e comunicação, como
pinturas nas cavernas, caça e pesca. A relação dos homens com as técnicas e
objetos é um processo de adaptação-concretização, em que estes são inseridos no
meio que os acolheu.
Dando um pulo na história, vemos que as técnicas estão
cada vez mais ligadas às tecnologias. O ciberespaço
não está tão distante e virtual como deveria, está presente e tem
influência direta em nossas vidas.
Falando dessa relação de técnicas com tecnologias super avançadas e
também de outra relação abordada por Massimo Di Felice, o de mídia-sujeito-território,
entra em cena o novo e moderno seriado televisivo CSI Cyber.
A franquia CSI existe há
bastante tempo, porém seu terceiro spin-off
chega para ser ainda mais revolucionário e totalmente focado em meios
tecnológicos. Um episódio piloto da série, Kitty,
foi ao ar na 14ª temporada da série mãe, CSI.
A própria série teve sua estreia em março de 2015 com o episódio Kidnapping 2.0, que será o objeto de
análise deste post.
A atriz Patricia Arquette foi a escolhida para ser a líder da vez, Avery
Ryan, uma psicóloga comportamental. Deixando para trás a história do papel do
líder da equipe ser interpretado por homens, como Horatio e Mac, em outros CSIs.
A série se baseia na busca de criminosos anônimos no mundo da “Deep Web”. Em que tudo é produto e
envolve dinheiro. E as mídias e tecnologias são os meios para esses crimes ocorrerem
e também para a investigação dessa jurisdição específica do FBI, de crimes cibernéticos.
No episódio Kidnapping 2.0
fica nítida essa relação entre mídia-sujeito-ambiente, que Massimo Di Felice
trata. Pois existe um ou mais sujeitos envolvidos por trás de algum objeto
midiático, na vigília, para satisfazer seus prazeres sórdidos e criminosos no
ambiente real, fora do mundo virtual.
O objeto eletrônico utilizado para o crime no episódio é uma babá
eletrônica. Uma quadrilha possui todo um esquema para sequestrar bebês e depois
leiloá-los na “Deep Web”. Uma parte
do grupo são hackers que entram nos
computadores dos pais das pequenas vítimas e rastreiam mensagens relacionadas à
criança. E também hackeiam a babá
eletrônica para observar toda a rotina da família e do bebê. E outra parte do
grupo era responsável pelo sequestro, sempre mais que uma pessoa. Sendo que o
leilão acontecia nesse exato momento, o sequestrador mostra a criança e começa
uma transmissão broadcast através da
câmera da babá eletrônica. Nisso, hologramas de pessoas de países diferentes
disputam a “mercadoria”.
O seriado se apresenta como algo bastante interessante e inovador, que
mostra a manipulação de objetos eletrônicos para se cometer um crime. E é totalmente
atual, relatando exatamente essa ligação quase Superbonder do homem com a internet e com a tecnologia. A série
traz também uma nova roupagem em seu “QG”, dominado por tecnologias de ponta,
em que até os corpos das vítimas são mostrados como hologramas.
É uma série que vale a pena ficar de olho, afinal de contas, vivemos cercados por tecnologias e também por pessoas não tão show de bola assim. E essas pessoas que infelizmente não são nossos/as migos/migas, descobriram um novo jeito de atacar. Encobertos pelo anonimato cibernético, sentem-se ainda mais poderosos e com chances maiores de saírem impunes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário